NOTA PRÉVIA: "A presente edição, em confronto com a anterior, publicada em Janeiro de 2004, contém as alterações que o Decreto-Lei n.º 59/2004, de 19 de Março, introduziu nos artigos 508º e 510º, relativamente aos limites de indemnização, quando não haja culpa do responsável, pelos danos de que esses dois preceitos se ocupam." In Código Civil Português

sábado, fevereiro 17, 2007

Uma certa solidão...

(à falta de diário...)

Chamava-se Ana. De uma certa maneira, sei que lhe herdei o nome, embora tal nunca me fosse verdadeiramente assumido. Mas sei bem que Sofia, o meu segundo, sempre foi primeiro e que o Ana acabou por vir depois, quase que para completar aquele incompleto primeiro-segundo, já os meus pais me conheciam bem de tanto olharem para mim...

Deixas-me hoje uma certa solidão, "vózita", aquela voz com que te chamava a ti... quando olhavas com esse ar de orgulho os bisnetos do coração... as meninas de cá... e também o Rui de lá, que apesar das patifarias de infância, se tornou no rapaz extraordinário que bem sabes e conheceste, um pouco à tua imagem (de todos, pelo menos, é o mais moreno... como tu. Doutras coisas, que bem saberás, não falo).

Não houve estrelas no céu... Para quê? Deixaste-nos afinal de caminho guiado, com uma vida preenchida de tudo aquilo que nos trouxeste e de tudo o que te fomos mostrando e ensinando. Chegaste aos 90 a dançar e a sorrir, às vezes entre cúmplices piscadelas de olho. Na tua trança enrolada e histórias mirabolantes recordavas-me que eras de um outro tempo e de um outro lugar. A última vez que te fotografei (obrigada, Luís por teres insistido tanto!) deste-me na perfeição a imagem com que sempre me habituei a ver-te e, por isso, a forma como sempre me recordarei de ti.

Agora, deixas uma certa solidão. Deixas-me o legado de ser, agora, a única Ana da família. Claro está que há outras Anas, como a do João, que para nós é Paula porque a Ana sou eu, assim como eu sou Sofia porque para eles a Ana é ela... Mas directamente, à tua maneira determinada e sem magoar ninguém, encerras uma geração. Da mesma forma que estarás lá, onde moram as grandes memórias, só dignas das mulheres que com "A" grande dignificam aquele que afinal até é esse nome mais vulgar do mundo!

1 Comments:

Blogger José Baptista said...

Não há dúvida que as palavras marcam. As tuas são tão ternas quanto explícitas.
A "tua" Ana está bem melhor agora, em paz, com as doces e realistas palavras da bisneta.
Parabéns!
Um bj.

12:26 da manhã

 

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