NOTA PRÉVIA: "A presente edição, em confronto com a anterior, publicada em Janeiro de 2004, contém as alterações que o Decreto-Lei n.º 59/2004, de 19 de Março, introduziu nos artigos 508º e 510º, relativamente aos limites de indemnização, quando não haja culpa do responsável, pelos danos de que esses dois preceitos se ocupam." In Código Civil Português

domingo, julho 09, 2006

Menos ais…

“Se tem remédio por que te queixas? Se não tem, por que te queixas?”
O provérbio faz parte da sabedoria milenar chinesa e descobri-o ao ler um artigo sobre a “Inutilidade do Sofrimento”, que a psicóloga espanhola María Jesús Ávala Reyes garante que acontece em 95% das nossas acções quotidianas. Sofrer por um golo fará seguramente parte da percentagem!

Mas num país que vai sobrevivendo aos “ais Jesus”, o futebol conseguiu superar o desafio de “menos ais…” e de forma brilhante. Com muito menos ais, ainda que com “sofrimento” (seja lá o que a psicóloga nuestra hermana acredita), os jogadores chegaram há pouco a Lisboa sob o signo dos heróis.

Sofrer por antecipação é habitual... “Não vamos passar da primeira fase!”, “Já perdemos” são à partida as quase certezas de um povo que deixou de acreditar nas estatísticas que o colocam na cauda da Europa numa série de padrões de qualidade de vida. Mas, quando nos falham todos os outros heróis, sabemos agarrar-nos àqueles que nos conseguem colocar à frente de eternos rivais históricos, como os espanhóis ou os ingleses. E acreditem... não é só no futebol, há por aí muitos... aos quais deveríamos manifestar igual orgulho.

E se Portugal não tivesse passado da primeira fase? Com remédio ou sem ele, de certeza que não deixaríamos de nos queixar… De tudo e de nada, talvez só nos esquecíamos mesmo de nos queixarmos de nós próprios! Ontem, gostei de ver jogar a selecção. Porque a perder por 3-0, deixou os queixumes de lado e caiu aos pés de uma Alemanha vitoriosa, mas de uma forma que só os vencedores sabem demonstrar. Que as vitórias e derrotas da selecção sirvam de exemplo aos “muitos ais” dos portugueses. E que os 95% de sofrimento “inútil” seja plenamente justificado com um honroso lugar em cada um dos nossos pequenos campeonatos.